segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

O que há de novo?

Estive contando cada dia do último ano, acreditando que, em breve, ele seria velho, esquecido, apagado, ou melhor, substituído pelas coisas surpreendentes que iriam acontecer no ano que o seguiria. E não é que o seguiu mesmo? À risca, os dias, noites, por dentro e por fora continuam seguindo o mesmo ritmo, compasso, melodia e a música nem é feliz, é quase contrária: repulsiva. Não há como criar um novo passo, nem mesmo um novo par poderia salvá-la.
Os sapatos estão gastos...
A luz perdeu o foco...
O público bebericou tudo e foi-se...
O palco naufraga...
No interior do espetáculo, brota a esperança de um aplauso, mas o silêncio é cortante, inevitável.
Me pego agora, em todas as 24 horas, pensando na raíz de tudo, buscando a culpa e os culpados e, sobretudo, a forma de sobreviver a essa falta de maré.
Azar, bobagem.
Inveja, sorria.
Olho gordo, arruda.
Nem Deus ajuda, quem cedo não madruga.

E eu dormi demais, perdi a hora e, agora, pareço sempre estar no lugar, hora, momento errados.
Acaso... casei com a ingratidão.
Quando as luzes do palco se apagam, vejo no ato o ANOniMATO...

by desolada troiana22

sábado, 19 de dezembro de 2009

No táxi que me trouxe até aqui

Na volta para casa, depois de 12:30 trabalhando em/de/sobre pé(s), pela janela do táxi, olhava a lua em meia fase - estava ela ou eu? - e lembrei duma frase de música, aliás, achava que era de música: "No táxi que me trouxe até aqui". Quando descobri (viva ao Google!), pensei: de quem mais poderia ser, se não de Engenheiros (do Hawaii)? Ora bolas, de muitos outros Renatos, CaZuzas e Raús: caras (e leia-se aqui, por favor, seres humanos) que sempre tinham algo a mais nos baús. (Se você leu o parenteses anterior, perdeu a rima. Não faz mal, isso não é poesia, e esta precisa menos de rima que a música de tom). Pus pra tocar e tentei falar sobre o último livro que li (enquanto esperava um cliente, sorridentemente - ele ou eu?). Eu precisava desabafar, chorar o que as vitrines não haviam me permitido, soltar a angústia, folhear a tristeza, não a da mágoa, mas a da empatia. E música falava disto: "O que você não pode, eu não vou te pedir. O que você não quer, eu não quero insistir". Com uma letra dessas fica difícil falar qualquer coisa, o silêncio cabe tão bem, porque os sons do teclado não têm o ritmo da música.
Aonde eu queria que o táxi me levasse? Aonde é esse "aqui"? Eu sei e finjo - ? - não saber, embora esteja, sim, cansada de reclamar: "todos os dias eu venho ao mesmo lugar".
E agora consigo entrar no tal livro, mas, me sinto egoísta, porque, na verdade, quero que aquelas palavras sejam somente minhas, não quero compartilhar, até mesmo, porque eu teria de vender porções de sensibilidade, mas eu apenas vendo livros.
A cada dia que passa, vejo que fui agraciada com olhos que vêem outro mundo, ou melhor, o mundo é o mesmo, a forma como o vejo é que muda. Sei que várias pessoas têm esse "dom", a minha diferença - que talvez se iguale a sua - é que também sei ver o mundo como os insensíveis o vêem, sem oscilar, sem titubear, sem me corromper... E, afinal, o que isso significa? Que eu não tenho vergonha da emoção que carrego no peito. Desenfreada, como eu, ela pode ser um riso frouxo, um arrepiu, uma lágrima varrendo a poeira da pele, um olhar incompreensível, um ingresso em meu avesso. Se me notam, eu não sei, nem sempre o quero. Mas, daqui para todo o sempre, quero poder enVIVEcer com cada coisa simples que leio, vejo, vivo, respiro...
Sem parada, sem cobrança, esse táxi me levará ao meu Castelo de Vidro, mas não quero mais morar lá, vou estraçalha-lo sem piedade, porque para proteger meus sentimentos, deveria ter construído um de ferro. A transparência, por si só, não foi a forma mais segura de ser eu mesma, mas têm sido a melhor; falta, apenas, libertar o que se pode ver, mas não tocar, aprisionado na redoma de vidro: medo.

***
Eu deveria estar estudando pra prova de amanha, mas um dia também não estudei pra prova da Federal, fiz UNESC, e estou feliz - ? -. Afinal, se tudo dá certo no final, pra que se estressar, não é? (NÃO!!!)

Se tiver dinheiro, pegue um táxi, se tiver tempo, ouça "Piano bar", se tiver interesse, leia O Castelo de Vidro, são três veículos que podem o levar a descobirir aonde quer ir.


"Filha, a gente não tem dinheiro para o presente, mas escolhe uma estrela no ceú, e fica com ela para toda a vida." (Jeannette Walls)

Ahhh! Além da meia lua, tinha estrela e me dei uma de Natal. Depois que limparem a sujeira do comércio, recolherem tudo e apagarem as luzes, o meu presente continuará iluminando o meu futuro.

FELIZ NATAL A TODOS...
SAUDADES DE PALAVRIAR...

by trOiAnA22