Os dias passam tão depressa que levantam a poeira, turvando minha visão e enchendo-me de uma sede, não é como ter a gargante seca e os lábios ressecados, não é daquelas que a água mata, pelo contrário é a "gota d'água" que faz com que essa sede nasça e sufoque minha rotina, estrangula minha vontade de persistir.
É uma sede de mudanças: de uma nova vista, um novo tom, outra cidade, novas pessoas, desconhecido respirar ou simplesmente um novo modo de ver a vida, de compreendê-la e aceitá-la.
Na verdade, eu sei que nenhuma dessas mudanças me fará mais feliz, seria o mesmo que fugir dos problemas, dos medos, das lembranças, ao invés de encará-los e conhecer o fim da guerra - ou melhor dizendo, da batalha.
Nem sempre temos que vencer, muitas vezes perder é mais vantajoso, ao menos mais enriquecedor, ganhar sempre, nos torna arrogantes e confiantes demais, os tolos invencíveis, vencer todas as vezes não nos prepara prá vida - real - nos faz lutar em uma guerra fantasiosa, até o dia em que começamos a lutar contra nós mesmos.
E é por isso, apenas por isso, que pretendo ficar e mais uma vez encarar tudo isso, essa fase estranha em que é mais fácil chorar por tudo do que rir prá todos, na qual é mais fácil reclamar de tudo do que agradecer pelo que se tem, é mais facil assistir TV do que ler, porque me exige menos do "penso", é mais fácil ficar na cama, moribunda, ao invés de sair, caminhar, voar... e o pior de tudo, hoje considero muito mais fácil e comodo calar do que falar com as pessoas.
Por fim, digo a quem for e principalmente, a mim mesma, que não vou recuar, nem fugir da raia. Não faz meu tipo, nem pretendo que faça algum dia, porque isto está longe de ser mais fácil do que conhecer o fim e de reconhecer a perda ou vitória, sendo que ambos trazem ganhos.
Daí sim, quando a poeira baixar e a luta cessar, vou poder matar minha sede, até mesmo mergulhar nas mudanças, sem é claro, afogar-me.
Por enquanto, apenas essa soma de "gotas d'água"...
Querida, agora que estou novamente com net, venho agradecer pelas flores e pelo carinho, e, como gostas de música, essa tua postagem me lembrou e muito uma letra de um dos meus Chicos preferidos (o outro é o de Assis), que segue aí. Ela fervilha intensa em mim [...].
ResponderExcluirCom as honrarias de quem te deseja o que te for melhor em cada fase da vida,
Suyan
Ps. estás convidadíssima para a contemplação do pôr do sol lagunense ali nas docas, pertíssimo do meu trampo... :D
www.suyanmuitonatural.blogspot.com
O que será (À flor da pele)
O que será que me dá
Que me bole por dentro, será que me dá
Que brota à flor da pele, será que me dá
E que me sobe às faces e me faz corar
E que me salta aos olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
E que nem é direito ninguém recusar
E que me faz mendigo, me faz suplicar
O que não tem medida, nem nunca terá
O que não tem remédio, nem nunca terá
O que não tem receita
O que será que será
Que dá dentro da gente e que não devia
Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardente que não sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os ungüentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
Que nem todos os santos, será que será
O que não tem descanso, nem nunca terá
O que não tem cansaço, nem nunca terá
O que não tem limite
O que será que me dá
Que me queima por dentro, será que me dá
Que me perturba o sono, será que me dá
Que todos os tremores me vêm agitar
Que todos os ardores me vêm atiçar
Que todos os suores me vêm encharcar
Que todos os meus nervos estão a rogar
Que todos os meus órgãos estão a clamar
E uma aflição medonha me faz implorar
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem juízo
é verdade minha amiga, muitas vezes é preferível perder, com certeza aprendemos mais, eu também ando "meio assim" e tô um pouco (um pouco bastante rsrs) de saco cheio de ter que dizer muitas vezes coisas que não to afim de falar...
ResponderExcluir;/
te amo muito.