segunda-feira, 31 de março de 2008

The end



Substituindo, ainda que não definitivamente, a terceira pessoa pela própria que vos fala, volto para cumprir uma promessa e “de quebra” por pra fora o que não merece habitar meu interior. Deixo o “ela” longínqua e venho assumir o que eu mesma devo falar, ainda que não saiba o que será...
A promessa trata-se, nada mais, do que abordar um tema que havia comentado em um certo post, coisa de semanas ou quem sabe um mês. Nesse tempo não falei sobre o que seria e isso realmente foi bom, o tempo parece trazer as coisas na hora certa, porque o que eu tinha pra dizer eram besteiras irrefletidas, que me custaria um tempo que eu não possuia. Queria nessa tal época, falar sobre amizade, ou muito pelo contrário, falar de como eu estava me sentindo em relação à esse elo tão fervoroso quanto as paixões da adolescência - que duram até o derradeiro dia, penso que a paixão sempre trará esse espírito de jovialidade e eloqüência – felizmente nada falei do que pensava, pois seria doído reler tamanha ingratidão e frieza.
As coisas que mais me embriagam não contem álcool, hoje, por exemplo, tomei uma dose excessiva de Ben Harper e querendo ou não vos confesso, to em coma absoluto. Sendo que aqui não cabe a picada de glicose, talvez melhor remédio seria, uma ferroada, de antídoto (pro meu próprio veneno), auto-estima, compaixão, uma gota que percorresse todas as veias e purificasse de uma vez por todas essa alma, vezes tantas desconsolada.
O certo é que para se chegar ao fim, temos que ter o inicio, o qual concluí nas ultimas linhas, e o meio, como as coisas se dão rumo ao fim, que nada mais é do que a explicação que segue:
Tinha duas opções para o restante do meu domingo, assistir a um filme e chorar pacas, pitangas e todas as demais expressões criadas pelos falantes da nossa língua ou estudar pra prova de quarta (que me faz, também, lembrar da Língua Portuguesa), sendo que, ainda, poderia assistir ao Faustão que estava entrevistando o Rafinha do BBB e blábláblá, mas, como estou um milhão e vários carros menos rica do que ele, preferi assistir ao filme.
Vim, então, fechar algumas “janelas” abertas aqui no PC e deparei-me com a porta que precisava atravessar, que me levaria às conclusões sobre a amizade, desprezando o pensamento de outrora.
O filme ta ali esperando o play, mas não pude deixar pra depois, não quero mais fazer isso, empurrar com a barriga (que já é grande peso) pro futuro, o presente “preterizado”.
Quando toquei a maçaneta, tamanho foi o choque, aquele misto de arrepio na espinha com embrulho do estomago, mais parecia um soco. Abri-a e encontrei tantos rostos quanto minha visão me permitiu: fotos de estudantes de uma fase inicial, cheios de expectativas, sonhos, vontades. Os sorrisos cativantes, conquistadores, impossível conter-se diante deles. Nada mais seria do que paixão? Se assim for, o que celebrávamos naquele brinde? À uma paixão frívola, passageira? Não sei, mas era bonito, a imagem refletia uma harmonia invejável.
Já indaguei aos céus uma questão que me atormenta, não creio que os filósofos pudessem responde-la: é a paixão um caminho possível para o amor, é o complemento dele (acho que ele não precisa de complementos) ou o oposto?
Se eu conseguisse ter em mãos essa resposta poderia entender o que aconteceu depois que aquele semestre acabou, ou seria o fim da paixão?
Quem nos tornamos? Desprovidos de respeito e zelo, o passado nos foi roubado, as boas memórias escondidas, estamos tão desunidos e repartidos, que harmonia chora todo dia de desgosto pelo descaso. Parece-me que nos deixamos comprar por mimos, e nos levar por palavras agridoces.
Não seria errôneo dizer que sofremos, cada uma a sua maneira, visto que sou testemunha, do meu mais profundo sofrimento silencioso.
Sofremos a cada despedida, fomos trocados por Biologia, Jornalismo, nossas Letras choraram mais do que nossos olhos. Depois a nossa “anja”, também, se foi. A partida mais doída, segundo meu coração. Ela trazia o maior equilíbrio, pacificadora.
Hoje, não somos mais amigos, nem temos mais afinidades, nem cumplicidades, não todos uns com os outros, somos fatos isolados.
Não sei se é culpa da paixão que sentíamos, do peso das responsabilidades, dos fatores externos, do tempo que escorre, do desgaste da convivência, das confusões e confissões “extra conjugais”, não sei.
Sei que agora desculpas não cabem mais, não há tão pouco o que perdoar, foi uma soma de ações e reações e, talvez, até já tenhamos esquecido onde tudo começou.
Sinto muito, por todos nós, que padecemos sob nossos pecados.
Por uma arma poderosíssima - nossa palavra - que miramos pra fora, bate na parede do nosso egoísmo e nos atinge, o coração ou fica engasgada.
Então, quanto à promessa inicial, digo-vos, ao elo devo tanto aprendizado, que não quero desacreditar de nenhum sentimento provido da amizade.
Já é tempo de dar o play no outro filme, porque aqui já surgiu na tela o “the end”
Providenciem a ferroada... antes que eu morra de auto-envenenamento.
PS: Chorei de limpar a rodo... Filme velho, mas lindo ( As pontes de Madison - 1995)

6 comentários:

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  2. Eu ainda sinto o mesmo por cada um...apesar de hoje não ter mais a mesma "riqueza" que era encontrá-los todos os dias...muitas vezez me pego lembrando daquela época, acho que eu era feliz e não sabia, ou sabia?

    Talvez a gente tenha vivido tudo tão intensamente, como se soubessemos que um dia ia "esfriar" assim...ou talvez alguns de nós sabiam que algumas amizades se leva para uma vida inteira.

    Sempre encho a boca pra dizer que neste um ano e alguns meses que fiz letras, o maio apredizado foi com os amigos, e que a melhor coisa que trouxe comigo foram todos os sorrisos, a cumplicidade, os olhares, as dúvidas, os problemas, as risadas na cantina, os bilhetinhos nas aulas, a chafurdãção, os micos, os aniversários comemorados...isso pe eterno aqui dentro, guardo no melhor lugar, onde de intenso se solidificou, pq ficará para sempre, mas de uma forma que também pulsa pq sempre me faz snetir (chorar, sorrir) pq vivo ao relembrar...que fui feliz.

    te amo.

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  3. uossa! "vezez" huauhauhauha
    é, deu pra notar que eu que fugi do curso né haushuahsa


    amiga, queria mais uma vez elogiar os teus escritos, tá cada vez melhor viu!
    Parabéns pelas palavras, sempre me EMOciono!

    ;*

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  4. Depois de ler tudo, me lembrei dessa canção ;)

    Onde Estão?

    Fecho os olhos
    Peço à Deus
    Que possa atender
    Esses versos e prosa
    Que eu deixei
    E eu não sei
    Se irão
    Tocá-lo em servidão
    Abro a porta
    Olho o céu
    Será que já choveu?
    No jardim essas rosas
    Que plantei
    E não sei
    Se estão
    Mortas ou em botão
    Abro os braços
    Tanta emoção
    Quando eu irei te ver?
    No jardim, essas rosas
    Que eu plantei
    Mas eu não sei
    Se irão
    Abrir esses brotos
    Fecho os olhos
    Peço à Deus
    Que possa atender
    Esses versos e prosa
    Que eu deixei
    Em Vão
    Tocar a imensidão
    E eu me perguntei:Onde estão
    Todas as crianças
    Todas as pessoas
    Que eu chamei
    Que eu procurei aqui
    E que eu tanto amei
    Onde estão meus irmãos?
    Onde estão?

    Nando Reis
    Composição: Samuel Rosa - Nando Reis

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  6. E vc acha que sou eu quem escreve bem. Eu não sei o que te dizer sobre isso e nem sei se tenho algum direito de falar alguma coisa, mas se você quiser saber o que eu acho, te digo que isso vai acontecer pra sempre. Pensar uma coisa, sentir raiva, desespero, desesperança... E dois dias depois, parece que tudo não passou de mau presságio.
    Não sei é bom, se ruim, mas é o que é: estar viva.

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Abertamente falarás, abertamente o ouvirei