Madrugada

Vejo uma lágrima
tocar o chão
Gota cálida
Parece lamber o vão

Ainda brilha
Enquanto molha
Uma linha trilha
Mas, ninguém olha

Fora dos olhos arrancada
Como sangue da veia
Segue parada
Riscando a areia

Nasce como prova
Da dor que despenca
E não se renova
Morre, é sentença

Pouco se sabe dela
Se libertou-se da prisão
Ela não se revela
Lágrima minha "em contra" mão

Vira poesia
Antes mesmo de secar
Mas, quem diria
Já vieste pra brilhar...

Gosto desse sabor que me acorda de madrugada, faz-me correr ao papel e enche-lo de tudo que me completa, não pra esvaziar-me e sim para libertar minha idéias, aprisioná-las seria um crime. Preciso disso, como sinto sede, embora beba tao pouca água. É isso que tenho feito com a "poética" que existe em mim, doses curtas, até sentir-me seca , voltar a fonte, deixá-la transbordar em mim até que seja eu própria a vertente. Gota à gota, são linhas que atravessam a maré, nadam contra a força da correnteza, com a mais plena certeza de que melhor seria, apenas, deixar-se levar...

By trOiAnA22