sexta-feira, 12 de setembro de 2008

MEr(or)gulho...

Estou mergulhando no perigoso mar da melancolia, o gelo mais que congelado, a fagulha acesa não mais faísca, os olhos vão se acostumando à escuridão que ronda, ao frio que cobre, ao medo que some, ao silêncio reconfortante que adentro e que aos poucos quebra o gelo, limpando as entradas, afogando as saídas. É uma viagem arriscada, não pelo perigo de me perder, mas pela possibilidade vigilante de não mais querer voltar.
É limpo aqui, a sujeira do mundo se some, contamina lá fora, mas não me alcança. É bonito aqui, não há um jardim na primavera e seu gramado, nem estaria errado, aqui cada palavra é um botão de rosa, desabrochando, florescendo, dando vida a um simples amontoado de letras desenhadas, formas que nascem pétala a pétala, as quais serão depois lidas no bem-me-quer/ mal-me-quer - me queira - da poesia.
Não há nada sombrio, nada que soe tristeza, só a beleza de pisar o território inimigo, por mais que antigo conhecido, ainda que seja eu a estrada. Tenho a impressão de que as pessoas passam a vida inteira percorrendo o mesmo caminho, percorrendo-se sem se notar, sem dar-se conta da paisagem que muda, dos frutos que amadurecem, das folhas que caem a cada outono, dos seus próprios galhos, que em "frangalhos" desabam, dos renascimentos que somos, da mortalidade que desafiamos com sabor de sede.
O triste é saber que preciso ir sozinha, aqui não a vizinha com quem conversar, trocar detalhes, não se pode contratar um pintor pra esconder as partes feias, fazer pintura, retocar, quebrar as paredes, arejar. É a mão de obra mais cara do mercado, não se fala de valores aqui, só da quantidade de tudo que empregaremos pra nos reformar. Ao fim, perceberás que trabalhamos pra nós mesmos, não há como alguém entrar e elogiar sua arte, a menos que consigamos exteriorizar tudo o que há, tudo o que somos.
Muitos tentam fazer: exteriorizar sua arte; digo que tentam porque não acredito que o consigam, afinal, não se pode expressar o que não se conhece. É como escrever sobre Marte ou Descartes, como se fossem planetas, cometas, raios, rios, um simples lugar, misterioso ser – vice-versa. É como ouvir um jovem falando sobre velhice, sem vivê-la, sem “convivê-la”. É como falar da fruta sem comê-la. Falar do frio sem o experimento. Falar de Deus sem o tormento de não o sentir. Falar da fome que não o consome.
E é por isso, que MEr(or)gulho n(d)essa viagem, sem meio, começo, fim, medo. Quero a transparência de falar da minha ciência, com conhecimento de causa, sem a náusea de mentir/omitir.
E é por isso também que jamais deixarei que confundam minha melancolia com tristeza profunda. É, apenas, um mergulho nesse mar de sentimentos, deixando que a maré da introspecção me carregue, leve-me sem pressa de voltar. Ao acostar em uma ilha mandarei meus brotos floridos, minhas linhas incontidas dessa poesia dotada de nostalgia e orgulho. ME(u)orgulho. MEr(or)gulho.
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PS: Bonito papel de parece. Exteoriza baby.
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Ontem mandei um brotinho de minhas palavras, cheio de amor, pra minha amada amiga Ágda. Sem você não há outra saída, se não esse mar.
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Suh, grata amada, emociona-me mexer com outras vidas. É como se eu mergulhasse no seu mar, por um minuto e a resgatasse.

Abraços, bem apertados.

Tia Mih

5 comentários:

  1. oi, moça!!
    obrigada pela visita no meu blog!!! volte sempre!!! heheheh
    sei que às vezes o tempo é meio corrido, nem sempre conseguimos olhar td que queremos... e ultimamente tb tenho tido pouco tempo para o meu próprio blog.

    Gostei muito do teu texto!! li com calma, e li de novo... porque me identifiquei.
    [aaahh, esse nosso universo interior é coisa complexa...]

    bjs, e bom findi!

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  2. Você escreve bem, hein Mi?

    Vou te f/f.
    =*

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  3. Oi minha flor :D
    Eu já havia comentado, mas talvez eu tenha fechado sem salvar..mão sei..coisas de atendentes da vivo huhuhuhuu

    Então, adorei o texto, mas eu adoro todos haha nem dá pra dizer qual eu gosto/gostei mais :D

    Esse lance de falar do que ainda não vivemos é complicado, só dá pra imaginar...às vezes eu tenho saudade do que eu nem vivi..do que eu poderia ter vivido!vai entender né!!
    Adorei a poesia (o brotinho) ..postei lá no meu..tu viu?

    beijos
    te amo sempre...só é possível isso.

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  4. mentira dizer que eu li o texto, pq como sempre estou sem tempo, mas para dizer que quando eu como chocolate mergulho em prazer eu tenho tempo.
    Mulher que não gosta de Chocolate? isso existe. hehe
    realmente, vc ´pe surpreendente

    beijão

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  5. Pois é..os dois q vc citou eu adooooro!!!!

    Tipo...coincidência mesmo..mais uma pra nossa coleção neh amor?

    txiamuuu minha pqnnaa

    bjbj

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Abertamente falarás, abertamente o ouvirei