sexta-feira, 10 de abril de 2009

Fora de mim

Hoje me dei essa chance de sair de mim, depois de uma intensa madrugada de insônia, de palavras verdadeiras lançadas ao ar que vieram parar aqui, diante dos meus olhos, na tentativa de cumprirem a terrível missão gritar aos meus olhos, ainda que tivesse, realmente, que sair de mim. Fugir àquilo que chamo de "parada obrigatória".
Então, ontem, eu chorei de solidão... E que gosto amargo essas lágrimas têm! E quando os olhos já doíam tanto quanto todo o restante - por dentro e por fora - eu morri e ressuscitei nove horas depois já prevendo o que eu esperava de mim pra esse dia tão ensolarado. E sim, não dou mais o direito de esperarem nada de mim, nada que eu não possa dar, ser, fazer... Vivi muitos anos fazendo isso, doando falsos sorrisos. E o que eu recebi? Merecidamente, falsos amores.
Entreguei meu espaço longo de tempo a uma leitura - Para Francisco - que me fez doer até os ossos, deitada na rede, exposta ao vento eu recebia cada golpe dessa escrita e ia me encolhendo, deixei-me abafar entre meus soluços por compartilhar da dor de alguém, enquanto a minha, também, lateja. Depois, aquele vento gelado do inverno veio - de dentro pra fora - e me rendi ao calor que não era teu... e quando fechei a rede sobre meu rosto pensei: eis o meu casulo, eis o motivo das dores, são asas nascendo, externando meu desejo de voar, sem fronteira, sem eira nem beira. Mas, ainda, não posso, porque em todas as demais vezes que pensei que estivessem prontas, eu as quebrei. Destruí minhas asas, e sabem o que temos que fazer quando isso acontece? Voltar ao casulo e deixar o tempo recuperá-las... É por isso que estou aqui agora, presa, limitada, estagnada... Estou deixando que o tempo me dê, novamente, uma chance de tentar um voo calmo, sair desequilibrado janela a fora, perto da lua, sobre o mar... sem nada esperar. Pousar em uma árvore ao invés de sonhar e arriscar voos tão altos, como os de antes que me deixaram sem fôlego e de asas podadas.
Alguns passam a vida inteira com asas quebradas e nunca se permitem voltar ao casulo pra se refazerem, nunca permitem que o tempo lhes dê uma nova oportunidade, não sabem esperar e nem merecê-la. Acho triste ficar aqui sozinha, mas sei que um dia posso sair e isso é melhor do que continuar solta e limitada pra sempre.
Enquanto estava ali lendo, meus cachorros me rodeavam e me davam lambidas das mais gostosas, eles sim, eles sabem o que tem se passado nesse meu olhar. Eles sentem... não mentem.
A noite caiu e eu não pude segurá-la, a lua subiu e nem pude alcançá-la... Mas, pude correr ao encontro do vento batendo no rosto. E senti que o tempo me dizia: "corre, corre e um dia voarás com a mesma intensidade, porque só eu sei o quanto me esperas, o quanto me veneras e o quanto aprendeste a estar aqui comigo, no ritmo do agora".

E eu acredito no tempo, porque ele tem sido, junto aos meus livros, meu maior aliado. E só tenho medo de ser caçada, porque borboletas, voam voam, embelezam o mundo e colorem de paz por onde passam. E eu, ainda, sou um caos de borboleta...

***

By Dona trOiAnA22





7 comentários:

  1. Morreu e ressuscitou em plena Páscoa! Coincidência! Espero que os cachorros que lamberam não tenham raiva.

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  2. Não foi coincidência Tiago, porque isso não existe, só pra homens que ficam assistindo comédia romântica. Foi absolutamente proposital.
    Raiva?? Eles não, já quanto a mim, não posso garantir..

    Bjo

    miCA

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  3. Vc não é um caos de borboleta, vc pensa que é. Fazia tempo que não passava pelo teu blog, gostei das cores, do visual. Eu te vejo como uma escritora que um dia será muito referenciada. Aliás, sabe essas frases soltas, só com o nome do autor no final? Pois é. Acho que um dia irei a uma palestra, sobre qualquer coisa, e no final, para fechar com cahve de ouro o palestrante apresentará uma das maravilhosas sacadas que vc tem com o "Milene Maciel" no final. E eu vou ter muito orgulho de dizer: "-Sabe essa mulher aqui? Pois é, nós já estudamos juntos e é grande conhecedora de mim. Já me ajudou muito e hoje está onde merece." Eu acredito muito em ti como pessoa e futuro profissional, da mesma forma que eu acredito que os pássaros são livres quando voam e as borboletas belas quando pousam. Você não é nenhum casulo, você é uma borboleta. Sem titubear eu afirmo que você está numa fase casulo, esperando o momento certo da metamorfose e se transformar naquilo que você acredita que é ou pode ser. E o melhor de tudo isso, é que as borboletas me atraem... deve ser por isso que eu estou cada vez mais perto de ti, esperando tanto quanto tu o momento da transformação.

    Grande beijo

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  4. cada comentário teu no meu blog me traz tanta alegria... porque sei que, se passaste por lá, é porque tem algo muito bom aqui, esperando que eu leia.
    vontade de copiar teu texto e assinar embaixo.
    adorei. gosto da tua forma de analisar os fatos.
    e compreendi muito bem teu sentimento...


    sobre minha foto: realmente, é bem diferente da outra. me add no orkut, lá tu vai poder me ver melhor :)
    [estou nos amigos da Gui... mas tem o link no meu blog tb.]

    beijos, querida!
    até mais...

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  5. Oi lindona. Saudades de vir aqui. E mais uma vez obrigada pelo seu comentário lá no blog, me alegra o coração :)

    E o tempo é o melhor remédio para tudo.

    Beijo enorme.
    Só agora deu de vir aqui. Semana corrida.

    :)

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  6. =D
    nossa... texto foda hem!!!
    felicidades senhorita...
    bjss e se cuida hem!!

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  7. Eu estava sem nada pra fazer hoje (mentira) e resolvi repassar nos blogs alheios (verdade). Vi que respondeu ao meu comentário sobre a coincidência pascal.

    E as coincidências existem. :p A todo instante, em todo lugar. Caso contrário eu poderia chamar isso de destino.

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Abertamente falarás, abertamente o ouvirei