quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Poeira... a quem queira




Vivemos na constante contradição: deixar a poeira assentar-se ou varrê-la? Sendo que uma vez que a varremos ao vento, sopra lento, aqui e ali e ela vai se acomodando em outros cantos, cobrindo outros prantos. Aí alguém lhe dirá: "deixe a poeira baixar!" E tudo que queremos é soprá-la pra sentir os resquícios do que não mais se pode tocar. Você a sopra e dança em círculos com sua saia rodada, tentando resgatá-la, deixando-a adentrar em seus poros, sua renda, fio a fio se tece desse arrepio...

No fim, a poeira quer estar em movimento, viva, voante, dançante e fazem festa, as poeiras, quando sacodes o tapete da vida. Tão surrado, desbotado, pisado e pra que mais serviria ter um tapete, se não de apóio aos nossos pés?

Quando sinto que alguma delas se acomodou demasiadamente, que está atulhando alguma passagem, uma saída, cuido pra que deixe vazar por inteiro, num soprar derradeiro; ou a ergo num só gritar, e de lábios entre abertos sinto-a dançar o ritmo (que) da saudade.

O gosto é este, ter em seu redemoinho interior, esse poder de deixar tudo, aparentemente, calmo, ou agitar a maré de poeira, enegrecer-se dentro da cortina de fumaça que se forma e descortinar à sombra de uma dúvida, saboreando o fruto de uma fraqueza, rolando entre os planos "desplanos".
Às vezes, vejo-me desesperada, varrendo aqui e ali, lustrando bolhas de sabão pra que possa enxergá-lo ao vão. Sonhos entregues aos paranhos, a teia se desfaz, mas a gente, quer - sempre - mais.
Quando passas por aqui, a poeira cola-se ao chão...
Não há menor condição pra que ela volte a dançar ao vento de nosso minuano interior.
Por isso que esse plural é tão singular, um que partiu-se em dois e não sabe como se desligar...
Eu insisto em levantá-la, e você em varrer pra debaixo de seu tapete, ainda tão colorido...
Sinto no seu soprar, o gosto amargo da verdade.
E você, nem sequer por saudade sopraria de volta pra mim...
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Depois de longo tempo, venho varrer e soprar a poeira que aqui se formava, deixar minha corrente de inspiração por inteira fazer seria um crime, contra minha paz interior, que vive entre fortes ventos de saudade...
Abraços
by trOiAnA22

4 comentários:

  1. Êxtase é o que me vem. A poeira é algo muito volátil. Semelhante a vida.

    Que assistir a um balé contemporâneo, não é belo, é fato, é forte, é vivo.

    É isto.

    Grande abraço, poetisa.

    Jay.

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  2. oieeee, mulher!
    adorei teu texto... ler coisas assim sempre me fazem parar pra pensar na vida.
    [deusdocéu, coisa séria isso.]


    mas td em ordem, contando os dias para que as coisas aconteçam de uma vez!! heheheh
    [fim de ano é fogo...]


    beijocas!!!

    [ps: gostei do novo layout do blog! ficou mais leve... ;)]

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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Abertamente falarás, abertamente o ouvirei